UFPA realiza VII Seminário do Processo Seletivo Especial para Indígenas e Quilombolas
A Universidade Federal do Pará (UFPA) realizou, no dia 30 de junho, a sétima edição do Seminário do Processo Seletivo Especial para Indígenas e Quilombolas (PSE-IQ). Promovido pela Pró-Reitoria de Ensino de Graduação (Proeg), o encontro contou com a parceria da Superintendência de Diversidade e Inclusão Social da UFPA (DIVERSE), da Associação dos Povos Indígenas Estudantes (APYEUFPA) e da Associação de Discentes Quilombolas (ADQUFPA).
Foi uma reunião de vozes da universidade e de diferentes territórios para aprimorar, de forma coletiva, os caminhos de acesso ao ensino superior. A proposta foi escutar, propor e fortalecer uma política que respeite as especificidades de quem há muito tempo deveria ocupar – com plenitude – os espaços universitários.
A atividade aconteceu no auditório do Instituto de Ciências Biológicas (ICB/UFPA), no campus Belém, com transmissão virtual para possibilitar a participação de estudantes, lideranças e representantes de comunidades de diferentes regiões do Pará e de outros estados.
O objetivo do seminário é revisar, de forma participativa e detalhada, o edital do PSE-IQ, fortalecendo os critérios e procedimentos do processo seletivo voltado a esses grupos historicamente excluídos do ensino superior. Durante o evento, foi realizada a leitura artigo por artigo do último edital, com ampla escuta das propostas de ajuste apresentadas por estudantes, coletivos, gestores e convidados.
Políticas afirmativas - A mesa de abertura foi composta pelo reitor da UFPA, professor Gilmar Silva Pereira; pela superintendente da DIVERSE, professora Zélia Amador de Deus; pela pró-reitora de Ensino de Graduação, professora Maria Lucilena Gonzaga; por Auriene Aurapiun, representando a APYEUFPA; e por Keyse Valadares, representando a ADQUFPA. Também participou como convidada a professora Dulce Maria Pereira, coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).
Para o reitor Gilmar Pereira, a UFPA está na vanguarda das discussões sobre inclusão no ensino superior, mas os desafios ainda são muitos. “Ainda temos muita coisa a fazer, mas nós somos, sem dúvida, a universidade brasileira que mais discute a questão da inclusão.” O reitor destacou ainda o papel político e social da universidade: “Nós não abriremos mão de fazer uma universidade popular. Uma universidade que pense a comunidade, que pense o nosso povo e, sobretudo, aqueles que mais precisam”, enfatizou.
A superintendente da DIVERSE, Zélia Amador de Deus, ressaltou a importância do seminário como espaço de escuta ativa e construção coletiva. Segundo ela, o processo seletivo especial é uma conquista da universidade e um instrumento fundamental para a democratização do acesso ao ensino superior: “Só o Enem não dá conta de trazer para esta universidade a riqueza que está lá fora: os saberes indígenas, os saberes quilombolas”, ressaltou.
A professora também afirmou que o seminário é o alicerce para a formulação de um edital sensível às realidades desses grupos. “Nós temos muito orgulho desse processo. Se dependesse do Enem para os indígenas entrarem aqui, nós teríamos uma quantidade ínfima”, observou.
Convidado - Outro destaque do evento foi a fala do convidado Edilson Baniwa, coordenador-geral de Educação Escolar Indígena e Políticas Linguísticas do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), que reforçou a necessidade de políticas de acesso que caminhem junto com estratégias de permanência e valorização dos saberes originários. “Também temos que lutar para que nossos saberes, as nossas ciências, consigam chegar nos programas. Eu acho que aí é que está o grande desafio”.
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