Zélia Amador de Deus, Professora Emérita da UFPA
Em reunião Ordinária do Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe), realizada no dia 19 de novembro de 2019, a Universidade Federal do Pará aprovou a outorga do título de Professora Emérita à professora Zélia Amador de Deus, docente do Instituto de Ciências da Arte. A honraria foi proposta pelo reitor da UFPA, Emmanuel Tourinho, e a aprovação se deu por unanimidade dos membros do Consepe, com base em parecer da conselheira Jane Felipe Beltrão.
A homenagem é concedida apenas a docentes cujas contribuições tenham sido proeminentes para a Universidade, para a sociedade e para o desenvolvimento da pesquisa, do ensino, da extensão, dos serviços universitários e das políticas públicas, além daqueles que tenham produção intelectual, científica ou artística consideradas de potencial relevância.
Segundo o reitor da UFPA, Emmanuel Tourinho, a proposta foi motivada pelas contribuições numerosas e especialmente significativas para a história da UFPA, as quais têm marcado a trajetória da professora Zélia na Instituição. “A UFPA é uma instituição melhor com o trabalho desenvolvido pela professsora Zélia Amador de Deus, melhor academicamente e melhor em sua interação com a sociedade. Muitos de nossos avanços na integração de ensino, pesquisa e extensão nas áreas de Artes e Humanidades realizaram-se sob a sua liderança. Além disso, as suas iniciativas em defesa dos direitos de negros, mulheres, indígenas e quilombolas, assim como o seu combate persistente à injustiça, à violência e ao preconceito têm sido fundamentais para tornar a UFPA uma instituição mais inclusiva e mais comprometida com os direitos de todas as pessoas. Somos especialmente gratos à professora Zélia e sentimo-nos honrados com a possibilidade desta homenagem”, completou o reitor.
Para o vice-reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva, este é um momento importante para celebrar as conquistas da professora e falar da militância de Zélia como mulher negra, que teve que lutar contra o racismo sofrido ao longo de sua vida. “Nossa querida Zélia é símbolo de resistência. Sinto-me muito feliz e representado por ela. Quero falar sobre a Zélia militante política, que, com sua doçura, é capaz de afirmar com contundência seu pensamento em defesa de causas hoje colocadas em evidência, mas, há trinta anos, eram defendidas por poucos”, destacou.
A relatora no Consepe da proposta de outorga do título, professora Jane Felipe Beltrão, emocionou-se ao ler o parecer que conclui favoravelmente à concessão do título. “Ser relatora deste processo é, sem sombra de dúvidas, uma missão honrosa, pois minha irmã Zélia é pessoa querida, generosa, amável, respeitosa e firme nas decisões e ações que toma no cotidiano. Os adjetivos são muitos, parecem até exagerados, mas ela é dona de muitos predicados, portanto a tarefa de falar dela é desafiante”, ressaltou a professora.
De acordo com Jane Beltrão, apenas o conhecimento dela sobre a professora Zélia seria insuficiente para informar sobre todos os méritos da homenageada, por isso o documento traz também depoimentos de diversos docentes da UFPA, como Antônio Gomes Moreira Maués (Instituto de Ciências Jurídicas), Camille Gouveia Castelo Branco Barata (Programa de Pós-Graduação em Antropologia), Gilmar Pereira da Silva (vice-reitor), Isabel Rosa Cabral (Instituto de Ciências Biológicas), Jaime Amaral (Escola de Teatro e Dança), Maria Luzia Miranda Alvarez (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas), Marília de Nazaré de Oliveira Ferreira (Instituto de Letras e Comunicação), Miguel Santa Brígida Júnior (Escola de Teatro e Dança), Walkyria Alydia Grahl Magno e Silva (Instituto de Letras e Comunicação) e Wladilene de Sousa Lima (Escola de Teatro e Dança).
Após a leitura do parecer e a manifestação dos membros do Consepe, Zélia Amador de Deus, que estava presente à sessão, foi aplaudida de pé por todos os presentes e a concessão do título foi aprovada por unanimidade.
Resistência e desafios - Zélia Amador de Deus fez parte do coletivo de artistas que construiu o Núcleo de Artes, hoje, Instituto de Ciências da Arte (ICA), desenvolveu diversos projetos de pesquisa e de extensão, como o Auto do Círio; dirigiu o Centro de Letras e Artes (CLA), hoje Instituto de Letras e Comunicação (ILC); foi vice-reitora da UFPA; atualmente é coordenadora da Assessoria da Diversidade e Inclusão Social da UFPA (ADIS), entre muitos outros feitos. Foi também militante dirigente do movimento negro no Pará, bem como da cena feminista no estado e, por esses feitos, foi também homenageada na 23ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, promovida pela Secretaria de Cultura do Estado do Pará, em setembro deste ano.
“Universidades precisam de alicerces firmes para sua construção. Esses alicerces são as pessoas que dedicam a sua vida à instituição, educando, aprendendo e ultrapassando limites. São as pessoas que definem o caráter de uma universidade, criam sua identidade e apontam seu caminho futuro. A professora Zélia Amador de Deus é um dos alicerces da UFPA. Suas funções de direção, sua atuação no campo das artes, sua produção acadêmica, seu trabalho em favor da diversidade e da inclusão assentaram a UFPA nas últimas décadas e para as próximas gerações. Feliz a universidade que pode ter Zélia Amador como professora emérita!”, pontuou o professor Antonio Maués em seu depoimento.
Por toda a sua trajetória, a professora é admirada até por aqueles que nunca tiveram a oportunidade de estar com ela em sala de aula. “Nunca tive o privilégio de ser aluna da professora Zélia, mas, desde o primeiro encontro, não perdi nenhuma chance de ouvi-la e lê-la quando pude. Por onde a professora Zélia passa na UFPA fica um rastro de respeito e admiração de quem estava próximo”, lembrou Camille Barata, discente de doutorado no Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGA).
Texto: Nayana Batista - Assessoria de Comunicação da UFPA.
Fotos: Alexandre de Moraes
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